Treinamento do tecido conjuntivo para cadeirantes

A compreensão sobre o termo “portadores de mobilidade reduzida” vem passando por constante evolução ao longo dos anos. Cada vez mais, entende-se que a expressão não está relacionada à condição estática, mas sim ao ambiente que esta população especial vive, sobretudo pelas possibilidades oferecidas para utilização de meios essenciais para o convívio social.

De dez a doze por cento da população mundial têm alguma necessidade especial física. Destas, cerca de 90% vivem nos chamados países em desenvolvimento, e o mesmo percentual vale para os que estão em idade produtiva.
O número chama a atenção de fisioterapeutas, terapeutas corporais, educadores físicos e demais profissionais da área, mas ainda existem poucos estudos e experimentos no que tange a importância da fáscia na promoção da saúde destas pessoas.

Recentemente, o tema veio à tona no grupo de estudo da Universidade da Fáscia. Há três anos, nós nos reunimos para estudar o tecido conjuntivo, sua função e relevância para a qualidade de vida da população. E entre os trabalhos mais específicos que vem sendo desenvolvidos, está o treinamento da fáscia aplicada aos cadeirantes – um assunto novo e promissor, que certamente merece atenção especial por parte dos profissionais.

Nossos estudos estão baseados em pesquisas publicadas recentemente, sobre a fáscia toracolombar, que consiste de três camadas (ou duas, dependendo do pesquisador) de fáscia aponeurótica, que reúne força tensional de vários músculos – entre eles o grande dorsal e glúteo máximo, serrátil posterior inferior, eretores da espinha, oblíquos internos e transverso do abdômen, que formam um sistema de apoio posterior e de suporte profundo respiratório e
postural.

Na verdade, os estudos foram desenvolvidos para andantes, uma vez que a fáscia toracolombar pode ser considerada um grande elemento de sustentação do corpo humano. 

Ela é responsável por proporcionar a estabilização do tronco e na mobilidade da pelve, reforçando todo o sistema ligamentar posterior por meio da orientação de suas fibras e inserções na coluna lombar e para além dela incluindo-se aí a região pélvica, pernas e braços. 

A tensão passiva na camada posterior da fáscia ocorre com a inclinação para frente da coluna lombar sobre a pelve ou com a inclinação posterior da pelve. A tensão suporta a vértebra lombar inferior por meio da estabilização contra os movimentos de flexão.

Assim, entra com um funcionamento de prover estabilidade e suporte à coluna lombar, bem como de conectividade com o meio ambiente, à medida que funciona na dinâmica do tronco em conjunção com suas inserções musculares entre os membros inferiores e superiores. Uma área de grande tráfego de carga.

A partir desse raciocínio, e sabendo o quanto a fáscia é viva, é possível pensar em treinamentos específicos para esta população, garantindo mais qualidade de vida – pensando na parte motora do cadeirante e também na saúde global. Este pensamento surge uma vez que esta população apresenta condições delicadas de manutenção da saúde, e portanto busca-se fortalecer e incluir o sistema imunológico para garantir mais autonomia ao corpo e garantir mais segurança em suas atividades diárias.

Exemplos de exercícios que podem ser aplicados:

  • Alongamentos multidirecionais
  •  Plataforma vibratória
  •  Rebote elástico
  •  Movimento contra preparatório
  •  Liberação fascial com estimulação tradicional.

 

Johannes Freiberg e Camila Miranda

Este e outros temas relacionados aos estudos do nosso grupo serão discutidos durante o
Fáscia Experience, que ocorre de 13 a 15 de setembro, em São Paulo. Se você ficou interessado
em ouvir mais sobre o trabalho dos nossos professores, participe!

O link para as inscrições é esse aqui:
https://fasciaexperience.com/

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