A cura da dor pela Manipulação Fascial  – entenda o método

Os estudos da anatomia da fáscia estão influenciando o entendimento de toda a comunidade médica sobre as disfunções musculoesqueléticas. Certamente, vocês já devem ter ouvido falar sobre o trabalho de manipulação fascial Stecco, com ampla indicação para dores em geral, tensão muscular, dificuldade de movimentos, reumatologia, artrose, artrite, fibromialgia, fascite plantar, entorses, parestesia, entre muitas outras.

Graças às possibilidades em termos de benefícios obtidos com o método de manipulação fascial, existe um vasto campo a ser explorado e descoberto em prol da saúde.

Neste post, vamos explicar melhor o que é a manipulação fascial e detalhar como ela vem sendo aplicada por terapeutas de mais de 50 países, nos cinco continentes.

 Afinal, o que é a fáscia e como ela funciona?

A fáscia é o tecido que dá sustentação, conectividade e organização ao corpo. Entre as diferenciações da fáscia, encontramos a fáscia muscular, que é um tecido conjuntivo que envolve músculos. Além deles, há também os órgãos, vasos sanguíneos e nervos que ficam imersos neste tecido.

Basicamente, a fáscia é constituída por fibras de colágeno, produzidas no interior da própria fáscia, por meio dos fibroblastos.

Nosso corpo está formado por diversos tipos de fáscia e, nesse post, vamos abordar dois tipos específicos:  o primeiro deles é a fáscia profunda, que envolve os músculos, nervos, ossos e vasos sanguíneos associados e que permite uma continuidade de força pelo corpo, criando uma unidade global e não somente local.  

O segundo tipo é a fáscia areolar, que permite deslizamentos e mobilidade, como consequência. Há ainda outras formas de expressão deste tecido, como a fáscia meníngea ou mesmo a visceral, responsável por suspender os órgãos dentro de suas cavidades e envolvê-los com camadas de tecido conjuntivo.

Para entender melhor o papel da fáscia, observe que elas são consideradas estruturas passivas e ativas. São capazes de transmitir tensões mecânicas geradas pela atividade muscular em diversos segmentos do corpo e também é responsável pela experiência sensório-motora. Entre suas atividades principais, podemos mencionar a transmissão de força, geração de percepção interna do movimento e redução da fricção, permitindo assim que os músculos deslizem, uns sobre os outros, além de aumentar nossa consciência corporal. Interessante, não?

Ela funciona como o mastro de um barco, com suas cordas tencionadas em diferentes direções para manter o equilíbrio. Imagine que, quando uma corda está mais tencionada que outra, o mastro pende para um lado. A fáscia teria o mesmo papel que as cordas: quando uma delas está muito tensionada, ocorre o desequilíbrio da estrutura e sentimos dor e/ou dificuldade de movimento.

O que é o método de manipulação fascial Stecco

Considerada a mais popular abordagem de terapia manual baseada em evidências, a manipulação fascial Stecco consiste em um método de tratamento desenvolvido pelo médico italiano Luigi Stecco, aprofundado por seus dois filhos Carla e Antonio Stecco. Durante 40 anos, essa família realizou pesquisas, estudos anatômicos e análises da prática clínica para uma ampla variedade de disfunções musculoesqueléticas. Os resultados foram surpreendentes!

A base do método reside na identificação de uma área específica da fáscia conectada com a limitação de um movimento específico. Uma vez identificado este movimento, limitado ou doloroso, um ponto específico na fáscia é implicado e, logo, por meio da sua manipulação específica e exata, o movimento pode ser restaurado.

Observamos então que a técnica é um procedimento analítico que resulta em tratamento personalizado. Trata-se de uma combinação de movimentos codificados e testes palpatórios, que permitem determinar quais fáscias estão envolvidas na disfunção.

 

 

Decifrando o papel da fáscia nos distúrbios musculoesqueléticos

A técnica de manipulação fascial criada pela família Stecco apresenta um modelo biomecânico completo que auxilia na decifração do papel da fáscia nos distúrbios músculoesqueléticos. Segundo o método, as áreas de fáscia disfuncional podem ser modificadas pela aplicação de uma força mecânica para estimular a resposta inflamatória natural do corpo.

Este processo promove a reabilitação por meio de três etapas. São elas:

– Fase inflamatória

Nesta fase, identifica-se o ponto a ser trabalhado, onde há uma pressão profunda no local por conta do adensamento do tecido fascial. Isso ocorre porque a fáscia forma uma espécie de gel denso no local inflamado. Trata-se de uma supercadeia molecular, composta por ácido hialurônico, que contém mais de um milhão de polímeros. Onde há inflamação, é realizada a fricção com uma certa velocidade. O objetivo é aquecer o espaço, rompendo esses polímeros em cadeias menores, com até 250 mil polímeros.

– Fase de remodelação

Nesta etapa, tem início uma atividade interna para desmontar ainda mais esses polímeros, no intuito de deixar o gel mais fluido, chegando a poucos milhares de polímeros. Ao fluidificar o gel, os fasciacitos começam a produzir de novo o ácido hialurônico de forma mais organizada, em número mais adequado, criando o deslizamento.

– Fase de proliferação

A proliferação está relacionada ao aumento do calor com a fricção em velocidade e à modificação da qualidade do polímero. Quando ele está bem fragmentado, começa a reproduzir-se em uma dimensão molecular mais organizada dentro do espaço fascial, aumentando a mobilidade intramuscular.

Benefícios do método Stecco

Entre os benefícios propiciados pela técnica de manipulação fascial desenvolvida pelos Stecco, podemos mencionar o alívio da dor, restabelecimento dos movimentos, alívio de tensões, melhoras na circulação e a redução de edemas (inchaços).

No próximo post, vamos falar sobre alguns estudos de casos de pacientes que se submeteram ao método Stecco e quais foram os resultados observados.

Se você ficou interessado em compreender mais sobre manipulação fascial, fique atento às inscrições para o evento Fascia Experience. Entre nossos convidados, estão PhD Antônio Stecco da Universidade de Padova e de Nova York, o PhD Robert Schleip, da Universidade de Ulm, o PhD Jan Wilke, da Universidade de Hamburgo, o PhD Sergio Fonseca da UFMG, a Dra. Anna Maria Vitali, Profa. Maria Eugênia Ortiz, Lauri Nemertz, Prof. Johannes Freiberg, Eric Franklin, entre outros.

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