Conheça estudos de pacientes submetidos à manipulação do tecido conjuntivo

Este é um tema de grande relevância na atualidade e tenho certeza que vocês estão curiosos para desvendar pouco a pouco os mistérios da manipulação fascial. Em nosso post anterior, falamos sobre a possibilidade de tratar a dor; destacamos a eficiência do método de tratamento desenvolvido pelos Stecco, como é seu funcionamento e suas principais indicações.Embora seja eficiente como um truque de mágica, a manipulação fascial não é um milagre operado por um gênio da lâmpada ou uma varinha de condão. Muito pelo contrário! São mais de 40 anos de estudos realizados pela família Stecco, que dedicou parte da sua vida para que pudéssemos observar os benefícios desta técnica e ajudar pacientes com diversos problemas de saúde.

Por esse motivo, no texto de hoje, decidi descrever estudos de casos envolvendo pessoas portadoras de doenças que conseguiram excelentes resultados graças ao método de manipulação do tecido conjuntivo.  Espero que gostem da seleção e que contribuam com comentários aqui, em nosso Blog. ?

Tratamento da hipercifose postural

A primeira análise fica por conta do tratamento da hipercifose postural em pessoas com idade fértil. Esta doença está relacionada à idade e é facilmente reconhecida por causa da curvatura anterior exagerada da coluna torácica, muitas vezes sendo referida como “corcunda” ou deformidade gibosa.

A hipercifose é mais comum em mulheres idosas e muitas vezes está relacionada à osteoporose. Quando se apresenta de forma grave, ela pode causar muita dor e ser absolutamente desfigurante! Normalmente, o tratamento inclui medicamentos para a dor, exercícios posturais e auto alongamento. Porém, um estudo piloto realizado pela equipe do Dr. Antonio Stecco, criador do método de manipulação fascial que leva seu nome, avaliou os efeitos da terapia manual para abordar as disfunções fasciais em indivíduos portadores da doença.

Dezessete pessoas foram submetidas à análise, sendo 9 homens e 8 mulheres. Foram considerados aspectos psicológicos, esportes praticados, nível da dor, anteposição dos ombros, cabeça e pélvis, extensão da curvatura, entre outros.

Cada indivíduo recebeu de duas a quatro sessões semanais de Manipulação Fascial, segundo o método Stecco. Os parâmetros foram avaliados antes e após o tratamento manual, depois de sete meses.

Resultados – O fascinante mundo da Manipulação Fascial não nos decepcionou, mostrando novamente seu potencial de influência na estrutura.  Uma diferença estatisticamente significante (p < 0, 5) esteve presente em todos os parâmetros analisados antes e após o tratamento. Como conclusão da pesquisa, os resultados sugerem que o tratamento de Manipulação Fascial pode ser agregado como mais uma possibilidade ao tratamento da hipercifose postural, nos indivíduos em idade fértil.

Dores lombares inespecíficas

Sem dúvidas, a dor lombar é das mais frequentes e prevalentes no ser humano. Podemos considera-la um problema de saúde pública: segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), ela atinge mais de 80% da população mundial. Além disso, ela causa prejuízos financeiros para as empresas porque é a maior causa de afastamento do trabalho em pessoas com menos de 45 anos, no Brasil. Para você ter uma ideia, em 2012, mais de 116 mil pessoas receberam auxílio-doença por causa da dor lombar.

Suas causas são complexas e multifatoriais e envolvem componentes psicossociais, limitação física, desequilíbrio muscular, alterações posturais e motoras e também a cinemática vertebral.

Muitos métodos são utilizados para minimizá-la e chegar à sua sonhada cura. As técnicas de libertação miofascial representa uma delas, com resultados surpreendentes. Esta terapia pode ser aplicada como coadjuvante com outros tratamentos ou de forma isolada.

Vale lembrar que a manipulação do tecido conjuntivo compreende um conjunto de técnicas de terapia manual com a particularidade de aplicar pouca pressão e alongamentos da fáscia de longa duração, de forma a diminuir a dor e recuperar a qualidade de vida e o comprimento do tecido.

Estudos diferentes sobre o tema, realizados ao redor do mundo,  analisaram 336 pessoas com idades entre os 20 e 59 anos. Nos estudos de Saratchandran e Desai (2013) foram utilizadas técnicas profundas; nos estudos de Ajimsha, Daniel e Chithra, (2014) foram utilizadas técnicas superficiais. Nos estudos de Balasubramaniam, Mohangandhi e Sambandamoorthy, 2014; Tozzi, Bongiorno e Vitturini, 2011; Tozzi, Bongiorno e Vitturini, 2012) foram utilizadas técnicas superficiais e profundas em simultâneo.

As técnicas profundas mais utilizadas são as “mãos cruzadas” e “desenrolamento fascial” (Tozzi, Bongiorno e Vitturini, 2011; Tozzi, Bongiorno e Vitturini, 2012; Saratchandran e Desai, 2013). As superficiais mais utilizadas são as de “deslizamento longitudinal” (Balasubramaniam, Mohangandhi e Sambandamoorthy, 2014). Os estudos de Tozzi, Bongiorno e Vitturini, (2011), Tozzi, Bongiorno e Vitturini, (2012) são os únicos que apresentam grupos de controle com dor lombar onde é realizado um tratamento miofascial placebo e sem qualquer outra técnica coadjuvante.

Os estudos de Tozzi, Bongiorno e Vitturini, (2011), Tozzi, Bongiorno e Vitturini, (2012), demonstram a eficácia excelente da terapia miofascial de forma isolada, já que foi o único método utilizado e o grupo de controle não recebeu qualquer tratamento, enquanto que os restantes estudos tiveram tratamentos coadjuvantes.

Diminuição da dor

Todos os estudos mostram resultados eficazes no alívio da dor independente da técnica utilizada, com tratamentos coadjuvantes ou não. No estudo de Ajimsha, Daniel e Chithra (2014), depois de 8 semanas, houve uma redução na dor de 53,3% e uma redução da incapacidade funcional de 9,8%.

No final do estudo, o grupo experimental teve uma redução da dor de 43,6% e uma redução da incapacidade funcional de 22,7% (12ª semana). O grupo de controle teve 20,4% de redução da dor e 7,7% na redução da incapacidade funcional, comparando com os dados iniciais.

O estudo de Tozzi, Bongiorno e Vitturini, (2011) mostra que a técnica de mãos cruzadas associada e o desenrolamento fascial (Fascial Unwinding) local diminui a curto prazo a percepção da dor lombar e cervical. Balasubramaniam, Mohangandhi e Sambandamoorthy, (2014) demonstram igualmente efetividade na redução da dor em ambos os grupos, mas com melhor resultado no grupo experimental por causa da readaptação do posto de trabalho. Foi demonstrada igual eficácia por meio de técnicas profundas (Tozzi, Bongiorno e Vitturini, (2012). A terapia miofascial também apresenta resultados efetivos no alívio da dor em conjunto com a terapia ocupacional (Saratchandran e Desai, 2013).

Com esta revisão, a conclusão é que a manipulação do tecido conjuntivo miofascial tem resultados significativos no alívio da percepção da dor. No entanto, por ser um assunto novo, são necessários mais estudos para comprovar os seus mecanismos de atuação e os outros efeitos que poderão ocorrer.

Quer saber mais sobre exemplos de casos?

Fique atento às inscrições para o evento Fascia Experience. Entre nossos convidados, estão PhD Antônio Stecco da Universidade de Padova e de Nova York, o PhD Robert Schleip, da Universidade de Ulm, o PhD Jan Wilke, da Universidade de Hamburgo, o PhD Sergio Fonseca da UFMG, a Dra. Anna Maria Vitali, Profa. Maria Eugênia Ortiz, Lauri Nemertz, Prof. Johannes Freiberg, Eric Franklin, entre outros.

Para inscrições, clique aqui!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Ćosić, Vilma, Day, Julie Ann, Iogna, Pietro, Stecco, Antonio Stecco. Fascial Manipulation® method applied to pubescent postural hyperkyphosis: A pilot study, 2014, https://www.bodyworkmovementtherapies.com/article/S1360-8592(13)00213-1/fulltext, em 18/02/2019.

Paiva Franco, Márcio Alexandre, Técnicas de libertação miofascial no tratamento da dor lombar inespecífica – Uma revisão da literatura. 2017. 13f. Licenciatura em Fisioterapia. Univesidade Fernando Pessoa, Porto (PT), 2017.

 

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